Artigo - Efetivo policial e homicídios no Nordeste José Maria Nóbrega Jr. Muito se tem discutido sobre a violência e a falta de segurança pública nas grandes e médias cidades do Brasil. No Nordeste não é diferente, se tem especulado muita coisa para tentar explicar as altas nas taxas de homicídios nessa região. Uma das variáveis que se coloca como fator explicativo para as altas taxas de violência, sobretudo homicídios, na região Nordeste é o déficit do efetivo das polícias. Mas, será que o efetivo policial é fator determinante para o controle da variável dependente de homicídio? Vamos tentar responder estatisticamente: Tendo como fonte o Ministério da Justiça, levantei os dados de efetivo policial civil e militar nos nove estados nordestinos. Resgatando os dados do SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) do DATASUS (Banco de Dados do Sistema Único de Saúde), calculei esses dados de homicídios absolutos (mortes por agressão) em relação à população dos estados (resgatado do IBGE), fazendo o cálculo das taxas de homicídios (tx = hom/pop x 100 mil), em cada estado, para o ano de 2007 (último ano disponível no MJ). Tabela 1. Efetivos Polícia Civil e Polícia Militar – Taxas de Homicídios por 100/mil
Em seguida, apliquei um modelo de correlação bivariada simples para testar a correlação entre efetivos policiais e as taxas de homicídios. O resultado demonstrado na tabela 2 apresenta baixa relação e baixo nível de significância estatística entre o efetivo policial e as taxas de homicídios no Nordeste. Tabela 2. Modelo de Correlação Bivariada – Polícia Civil – Polícia Militar x Taxas de homicídios
Isso nos aponta para a fragilidade das explicações que se baseiam no efetivo (ou crescimento simples do efetivo) como fator decisivo, ou determinante, ou até mesmo significante para a redução e/ou controle da violência homicida na nossa região. Respondendo a questão: não há correlação entre efetivos policiais e taxas de homicídios na região Nordeste. Ou seja, as taxas de homicídios podem crescer, diminuir, ou se manter estáveis, sem ter como causa ou explicação o déficit policial. José Maria Nóbrega Jr. é Doutor em Ciência Política pela UFPE e professor da UFCG Data: 17/05/2012 |