Em Dia com a Poesia Meu retrato Um dia eu pensei, O que eu sei da vida? Pensei, mas não acreditei Naquilo que eu via Foi decepcionante Perdi minha alegria Quando, assim, todo dia Eu me via intransigente. Quando criança, brinquei, Estudei, fiz travessura Às vezes a amargura Batia à minha porta Como nunca imaginei. Mas, aos poucos despertei Para a vida futura Que não estava morta. Moldaram-me por um instante Como se um relógio fosse Lentamente recobrei meu eu De forma tão natural. Fui adquirindo a libertação Para livremente voar E aos poucos angariar Um campo maior de ação. Percebi que eu sou eu Um eu que transcende a tudo Entretanto, eu quase mudo Fui percebendo outro campo Que materialmente não via Tal foi a minha alegria Em conhecer meu retrato Em muitos e pequenos atos.
Estação de trem Vivi na estação de trem Com dezenove residências Tinha depósito, estação e armazém Para acomodar trens e passageiros De tempo em tempo os festeiros Aqueciam o povo local Em uma animação sem igual Nesse povo hospitaleiro. Havia campos de futebol Para os jovens comunitários Que gostavam de diversão Em grande competição Geralmente em fins de tarde Como desopilação Nessa bela agitação Quando o corpo inteiro arde. À noite, em frente de casa Brincava-se de toca e esconder É isso que se pode saber Como vivência de um tempo Tempo, vivia-se intensamente Os prazeres do lugar E a mãe em casa a trabalhar Para alimentar a sua gente. Na comunidade Estação Vivia-se um grande sonho De um valor tamanho Que a gente não percebia Era uma intensa alegria Que o jovem apresentava Em ser verdadeiro, amava Com um sentimento bramia.
O retirante Algum tempo atrás As pessoas se mudavam A pé caminhavam Léguas e léguas sem fim Em busca de sobrevivência Era o que acontecia Porque o povo queria Uma vida em clemência. Quando o jovem ia se casar Ou não trabalhar com os pais Partia cedo demais Para ter sua liberdade Ia a prósperos lugares Para lá se estabelecer E, assim, poder viver Com saúde e bons ares. A seca foi no passado Causadora da intransigência E o povo sem paciência Buscava um campo aberto. De lugar a lugar Levando o pouco que tinha Assim, a população vinha Calmamente a se assentar. Eram os retirantes Que iam para Brasília Até Manaus, quem diria Construírem o seu ranchinho Foram também ao Paraguai Alguns outros às Guianas Atravessando as savanas Cuja tristeza não sai. Luiz Gonzaga de Sousa Data: 27/04/2012 |