Em Dia com a Poesia
Quando Acordo
Quando acordo acordo para o mundo e para o dia inteiro.
Quando canto, canto desafinado. Canto para lagartos e lagartixas.
Quanto brinco, brinco de guerra com cobras e corais.
Quando como, como sapos e outros animais.
Quando bebo, bebo em cálice o leite derramado.
Quando rezo, rezo muito para o mal.
Quando choro, choro com lamúrias e lacrimas de ácido para lavar a face.
Quando durmo, durma na rede para dar paz.
Meus Deuses
Tenho comigo dois Deuses, um impulsiona meus instintos, o outro quieto pensa. Tenho um Deus que me guia que fala com docência na intuição.
O Deus que pensa, produz uma voz lactíssona que não escuto. Tenho dois Deuses: o racional fujão e o irracional que não me abandona nunca.
Tenho dois Deuses: um vive o irreal o outro, me leva ao pesadelo real. Tenho um Deus que me deixa sonhar o outro me faz acordar.
Juntos, procuramos definir a realidade, o pesadelo me levará ao real A realidade me deixará surpresa entre o sonho, o desejo e a realidade real.
Aos Necrófagos
A carne é o lençol quente que cobre o corpo quente ou frio, magro ou gordo.
O sarcófago, abrigará o corpo que mesmo ainda coberto com carne não vive.
Neste berço, a carne desgraça a terra que em breve será alimento.
A carne, degustada por necrófagos esfomeados que brigarão por migalhas, os ossos, serão sobras deste banquete lúrido. . . preparado por Deus para você.
Voluntário do Pânico
Sou o voluntário do pânico. Busco o sofrimento através da luz que os Deuses deixaram cair na escuridão dos dias de quermesse.
Sou o voluntário do pânico, busco a alegria para transformar em dor e melancolia.
O passado sonegaria o desequilíbrio impuro, caso o amor da humanidade chore o arrependimento funesto.
O pânico, não permitiria que seus sonhos voassem com destino.
Sou o voluntário do pânico e não permitirei a substituição dos anjos.
Desacorrentar a carne não jorraria o sangue dos pulsos. Cortarei o pescoço. Lembre-se, sou o voluntário do pânico.
Eu sou o voluntário do pânico e não caminharei nem, na luz, nem nas águas tranquilas de um lago.
Sou o voluntário do pânico, não poderei deixar que o amor morra, não poderei deixar parado os maléficos pensamentos do amor. E tem mais, . . . nunca direi adeus.
Modelagem
No futuro quando a lua virar sol meu corpo cairá na escuridão do jogo da vida. Meus olhos não refletirão o brilho da lacrima. O vermelho compartilhará com o sorriso da dor. As cordas vibrantes caladas não gemerão nem murmurarão o grito do silêncio só. Nuvens negras formarão uma tempestade que só meus olhos cegos verão. Raios cairão sobre as cabeças dos invejosos anjos. Ácidos molharão as línguas dos que falarem de mim. Você sabe de tudo isto. Não esqueça que sou a sua modelagem.
Quero Morrer
Quero morrer com a certeza de que você está na cruz. Quero morrer com a certeza que suas lacrimas sejam de sangue. Quero morrer com a certeza de que o inferno terá vagas. Quero morrer com a certeza de que os tolos não governará. Quero morrer com a certeza de que os anjos terão asas cortadas. Quero morrer com a certeza de que a roda terá quatro ângulos para não ir muito longe. Quero morrer com a certeza que muitos queimarão no inferno, e que o renascimento do anjo crucificado seja em breve. Quero morrer sem as regras de um ditador.
Janice Adja Data: 30/03/2012
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