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Brasil é o último em inclusão digital nas escolas

A inclusão digital ainda não avançou nas escolas brasileiras, mostra uma pesquisa feita pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

 

Com base em números do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o Brasil ficou em último numa lista de 38 países avaliados em relação ao número de computadores por aluno. As escolas brasileiras oferecem, em média, um computador para cada 6,25 estudantes - ou 0,16 computador por aluno.

 

A Austrália é o mais bem colocado, com 1,03 aluno por computador. Na China, a média é de 1,75, enquanto a média dos países da OCDE (composta por 34 nações desenvolvidas) é 1,69. Na Colômbia, o mais bem colocado da América Latina, a média é de 2,85 alunos por máquina.

 

O estudo mostra ainda que 53,3% dos estudantes brasileiros analisados declaram ter um computador em casa - ou seja, metade dos alunos no país não tem acesso a computador em casa. A estatística, porém, é 129% maior que em 2000, quando apenas 23,2% afirmaram possuir o equipamento. Apesar do crescimento expressivo, o País ainda está longe das nações mais ricas. A média registrada pelos países-membros da OCDE foi de 94,3%.

 

Hoje, segundo dados do Inep, 9,5 milhões de alunos do ensino fundamental e médio (24% do total) estudam em escolas sem laboratório de informática.

 

O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara diz que pelo menos dois motivos explicam a péssima colocação do Brasil:

 

- Há a renda das famílias, que se liga ao fato de terem ou não computador e internet em casa. E há a falta de infraestrutura das escolas, que discutimos ao formular o Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi, com valores mínimos por aluno para ensino de qualidade em cada nível educacional). Nesse custo, está incluída a presença de laboratórios de informática com banda larga - diz Cara, sobre uma conta que é parte de um parecer aprovado pelo Conselho Nacional de Educação, mas que aguarda análise do MEC há um ano. - Porque não é só ter computador. Se esse ranking considerar também internet, e com banda larga, a situação brasileira fica bem pior. Estive no Amapá mês passado, e fui informado de que não havia banda larga em lugar algum do estado.

 

Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação e secretária de Educação de São Bernardo do Campo (SP), Cleuza Repulho cita outro obstáculo:

 

- A capacitação de professores é o maior desafio. Acabamos de aderir ao Um Computador por Aluno (UCA, programa federal de distribuição de netbooks), e estamos para receber 15 mil netbooks. Mas, antes, tivemos de instalar fibra ótica praticamente na cidade toda. E estamos tendo de dar cursos aos professores; já vi aluno tendo que dizer "dá enter" para professor que não sabia o que fazer. A questão é que muitas cidades não têm recurso próprio para tudo isso, e o volume de recursos repassados a elas ainda não é suficiente.

 

- Falta uma política nacional de inclusão digital sustentável, e sustentável quer dizer não só a doação de computador e de conexão à internet, como faz a maioria dos programas públicos, mas a criação de uma proposta pedagógica para isso, com capacitação continuada do professor e acompanhamento do impacto que essa inclusão teve - completa Rodrigo Baggio, presidente do Comitê para Democratização da Informática (CDI), para quem, mais importante do que o número de computadores por aluno, é o dado socioeconômico que mostra que metade dos alunos não tem computador em casa.

 

Por meio da assessoria, o MEC afirmou que, pelo Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo), entre 2000 e 2010, "foram adquiridos 83.620 laboratórios de informática, beneficiando 67 mil escolas urbanas e rurais e atendendo 44 milhões de alunos. Além disso, o MEC está capacitando cerca de 500 mil professores e gestores para uso das novas tecnologias em sala. Ao todo, 54 mil escolas urbanas receberam internet pelo Programa Banda Larga".

 

(O Globo)


Data: 30/06/2011