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Artigo - Fluminense neles

Wagner Braga Batista

 

Uma superbactéria contaminou a FIFA e a CBF.

 

Causou a síndrome adquirida da venda de votos e de obtenção de propinas. Esse mal que acomete parlamentares e juízes desqualificados, chega célere ao mundo do futebol.

 

Na falta de antibióticos eficazes, terapeutas de vícios e mazelas adotaram um tratamento de choque. Ou melhor, o tratamento de praxe.

 

Especialistas em medicina tropical, subornos, chantagens e propinas habituais, utilizaram o velho e surrado remédio: grana, em alta dose, para sanar e contrabalançar alguns destes males. Principalmente as  inevitáveis seqüelas provocadas pelas ações das forças do bem.

 

 Este remédio convencional  detém maledicências, silencia a autoproclamada  imprensa livre, preserva biografias ilustres, evita dispensáveis e infrutíferas investigações. Preserva , outrossim, os acometidos pela síndrome e, paradoxalmente, a própria  superbactéria.  Como uma terapia verdadeiramente liberal oferece garantia de ir e vir à superbactéria. Não exige que fique confinada à FIFA e à CBF, facultando-lhe o direito de se alastrar livremente por todos mercados, pela Inglaterra, Brasil, Qatar, Rússia e outras plagas inomináveis.  

 

A profilaxia, adotada em caráter preventivo, evita que o inchamento do Estado, o protecionismo da probidade esportiva e que o erário público seja despendido desnecessariamente em inúteis condenações de insignes personalidades.

 

Poupa os hemisférios políticos e esportivos de  denúncias infundadas, de divulgações devastadoras- segundo Joseph Blatter, de comprometimentos desgastantes e resguarda o bom nome da cartolagem a desserviço do esporte bretão.

 

Em miúdos, como dizia Zequinha Sapucaia:

 Impede que  os tais homens de bem entrem  cana.

 

Esta providencial terapia, proporcionada pelo consórcio das forças bem,  caiu na caixinha filantrópica de um tribunal de um filantrópico tribunal suíço, da filantrópica cidade de Zug, sob a forma de filantrópica multa.  

 

Em euros e dólares, dois dirigentes da FIFA pagaram R$9,4 milhões à superbactéria para que ela arquivasse o processo que leva seu nome e não infestasse ações filantrópicas.

 

Consciente de seu dever cívico a superbacteria declarou que  não inviabilizaria o desenvolvimento sustentável, contribuiria com a eliminação da pobreza, não espalharia caspa das perucas dos excelentíssimos juízes dos filantrópicos tribunais suíços e tampouco sujaria os autos com a imundície que levou seu nome.

 

No chulo, a grana despejada nos tribunais figurou nos anais do populacho como o chamado cala a boca.

 

Porém a superbacteria demonstrou notável altivez e senso ético. Tornou publico que não cobraria cachês da FIFA e da CBF, bem como desmentiria qualquer boato sobre sua virulência moral e conduta antiesportiva.

 

Assegurou que não deixaria a mundiça ignara tomar conhecimento destes obscuros fatos e faria o que estivesse ao seu alcance para que não se instalasse a falta de  higiene e de probidade nos times de várzea, nas peladas de rua e nos rachas de periferia.

 

Ciente  do alvoroço provocado pela sua superexposição na midia, a superbacteria advertiu em todas colunas sociais que não existia e que era produto de um fictício dossiê em prol da criminalização da idoneidade e da justiça.

 

E assim, num desmedido esforço de provar sua inexistência, a superbacteria fez peregrinação pelos bancos suíços, pelos paraísos fiscais, pelas empresas de marketing, pelos astronômicos salários de jogadores, pelos balanços contábeis, pelas exorbitantes dívidas dos clubes, pelos conluios espúrios entre patrocinadores e procuradores de jovens atletas. Após este ingente esforço, convenceu a todos estes entes esportivos de sua inexistência e pôs fim ao descabido pânico que se instalava nas arquibancadas, cadeiras e gerais dos campos de futebol.

 

E assim, a falsa superbactéria retirou-se ao ostracismo.

 

Oriunda de uma inexistente relação espúria de insignes dirigentes com uma comprovadamente ética empresa, ISL, facilitadora de contratos televisivos, desapareceu como havia surgido, carregando boladas e somas de bufunfas incalculáveis.

 

Para resguardar o bom nome da ISL, a saúde esportiva dos seus eméritos dirigentes, a FIFA comprometeu-se a comprar vacinas e anti-virus contra a corrupção  e a superbacteria inexistente com validade adiada para 2022.

 

Este artifício permitiria que todos se sentissem à vontade para vender honestamente seus préstimos e votos, até lá.

 

Cumpre-nos notar que, graças a seus diligentes esforços para disseminar  o futebol no Qatar, com a máfia russa e no complexo do Alemã, a FIFA, Vil Teixeira e caterva estarão sujeitos a inevitáveis contágios de outras superbactérias inexistente.  Porém, nada abala estes senhores.

 

Neste trabalho estafante e voluntário, passarão fome nos Alpes suíços, sentirão frio em suntuosos hotéis na orla mediterrânea, terão que se abster de usar sandálias de dedo e não poderão deixar transparecer a grana que vem embolsando ilicitamente.

 

Estes dirigentes, sujeitos à contaminação de outras  superbacterias inexistentes, jamais declinam de suas árduas tarefas em prol da disseminação da grana fácil,  apesar das injurias e difamações,

 

O pobre Vil Teixeira, que implodiu estádios, fechou magnanimamente o Maracanã, desconsiderou argüições de comissão parlamentar, desprezou os reclamos de cartolas co-irmãos e milhões de torcedores, vê-se acusado injustamente de tentar abocanhar os lucros da Copa de 2014, recolher propinas de 900 milhões em isenções fiscais e, além do mais, está sendo convocado pela Sexta Vara Criminal, do Rio de Janeiro, para responder processo por lavagem de dinheiro, crime tributário e contra o sistema financeiro.

 

Para barrar este temível contágio da superbactéria inexistente, os torcedores tricolores estão testando o Flu anti vírus, antídoto  que se aplica a todos organismos vivos inexistentes. O Flu anti vírus e campeão gramsciano,  impede a difusão de superbactérias, de pragas, cartolagens e dirigentes corruptos. Evita a propagação de trojans, vírus, vermes, Vil Teixeiras, bem como de todos dirigentes que comprometem o futebol  brasileiro.

 

Esta campanha inusitada tem inicio às vésperas da sagração do campeão gramsciano brasileiro, em presença de 40 milhões de torcedores enfurnados no Engenhão, de centos e dois milhões ouvintes de radinhos de pilha e uns poucos 3124 telespectadores, atentos ao inevitável desfecho histórico.

 

Domingo, todos testemunharemos o grande consenso brasileiro.

 

A inacreditável unidade e a fraternidade de todas torcidas, que reconheceram , de modo inequívoco, o Fluminense como o autentico campeão brasileiro.

 

Após anos de queda livre, o Fenix alça vôo. Sem nenhum demérito para os confrades urubus,  a ave que ressurgiu das cinzas desponta soberana.

 

Apesar dos patrocinadores, dirigentes, empresários de jogadores, chupassangues e michês de atletas, o Fluminense se impôs.  Superou todas as adversidades, as arbitragens, as maracutaias e conseguiu se tornar a segunda unanimidade nacional . Igualável, apenas,  ao também tricolor, o velho Chico Buarque.

 

E assim, para concluir, valemo-nos das assertivas do papa João XXIII, o justo, assessorado desde novembro do corrente pelo atual padroeiro do tricolor, o também papa, conhecido vulgarmente como João de Deus:

Como campeão gramsciano, o Fluminense deverá estar acima das vicissitudes, vícios e mazelas provocados por insaciáveis e devassos dirigentes do futebol brasileiro.

 

Para concluir, enviou uma mensagem pretérita a todos torcedores do Brasil, anunciando que o Fluminense trará luz, equidade, justiça  e felicidade coletiva para todas as galeras :

No futuro, só há um remédio: Fluminense neles!

 

 

Wagner Braga Batista é professor aposentado da UFCG


Data: 03/12/2010