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Repetência no Brasil é uma das mais altas da América Latina

Estudo da Unesco aponta ainda que apenas 50% das crianças entre 4 e 5 anos estão na educação pré-primária

 

A taxa de repetência dos alunos da primeira série da educação primária no Brasil é de 24,5%, uma das maiores da América Latina e Caribe. É o que aponta a publicação "Situação da Educação na América Latina e Caribe 2010", da Unesco.

 

O estudo mostra também que a taxa de matrícula na educação pré-primária ainda é baixa no país. Apenas 50% das crianças entre 4 e 5 anos estavam matriculadas nesse nível educacional, enquanto a média dos outros países da América Latina era de 65,3%. O levantamento é relativo a 2008.

 

Já o percentual de matrículas na educação primária (6 a 11 anos) era de 95%, perto da média da região, de 95,3%. Mas o aumento de 2000 a 2008 foi de só 2,6% na taxa de matrícula.

 

A pesquisa usa dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal); e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, ligado ao MEC.

 

Na quinta-feira (26/11), foram divulgados só alguns dados. A pesquisa completa será divulgada em 2011. Quanto ao acesso às escolas, o estudo destacou desvantagens para moradores de zonas rurais e pessoas em situação de pobreza. Embora os dados desse item não tenham sido divulgados, diz a Unesco, esses brasileiros concluem a educação primária e secundária em menor quantidade.

 

A publicação mostrou também avanços. A taxa de conclusão do ensino primário entre jovens de 15 e 19 anos foi de 95%, 5% acima da média entre países latino-americanos e caribenhos.

 

A taxa de matrícula na educação secundária chegou a 81% dos jovens entre 12 e 17 anos, acima da média da região, de 72,8%. Segundo a Unesco, a taxa de alfabetização no Brasil entre pessoas de 15 e 24 anos é de 98%. O percentual cai para 91,8% entre a população acima de 15 anos.

 

Os números também são de 2008. O diretor-geral adjunto de Educação da Unesco, Qian Tang, disse que acesso desigual ao ensino é comum aos países em desenvolvimento:

 

- Há dois desafios fundamentais na educação na América Latina. Um é acesso igualitário à educação; o outro é a qualidade dessa educação. A igualdade é um desafio não só no Brasil e não só na América Latina, mas também em outros países. O desenvolvimento econômico rápido deixa problemas de desequilíbrio. Algumas pessoas se tornam rapidamente ricas, mas outras são deixadas para trás.

 

O secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, André Lázaro, admitiu necessidade de melhorias.

 

- É preciso formar melhor os professores, dotar as escolas de melhores condições e acompanhar as crianças individualmente. Mas há uma variável importante, que (na publicação) não está considerada: 30% do resultado escolar da criança se deve à escolaridade dos pais.

 

Lázaro contestou números da pesquisa. Segundo ele, 72% das crianças entre 4 e 5 anos estão na educação pré-primária. E a desigualdade está diminuindo:

 

- Era muito pior. A taxa de escolaridade líquida, que é o jovem com a idade certa na série certa, dos mais pobres era de 21% há quatro anos e pulou para 32%. As políticas focalizadas em reduzir a desigualdade estão surtindo efeito, mas educação é investimento de longo prazo.

 

(O Globo – Disponível em Jornal da Ciência)


Data: 26/11/2010