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MEC proíbe relógio, lápis e borracha na sala de prova do Enem

Preocupação dos candidatos é com a administração do tempo; em média, estudante tem três minutos por questão

 

Nada de relógios, lápis preto e borracha no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. O edital do exame proíbe o vestibulando de levar para a sala de prova qualquer um desses objetos. A medida pode comprometer a administração do tempo durante o exame, um dos principais desafios dos candidatos no Enem. Em média, o estudante tem três minutos para resolver cada questão e uma hora para elaboração a redação.

 

Responsável pelo Enem, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), não explicou as razões do veto. A assessoria de imprensa do Inep informou apenas que “todas as informações referentes (às proibições) constam no edital do exame”.

 

Na visão de alunos e professores, as novas proibições podem ter relação com o sistema de segurança para que não haja vazamento da prova, o que marcou o Enem no ano passado. Há, em concursos públicos, precedente de relógios serem usados para passar cola. Em 2009, o Enem tinha restrições só quanto ao uso de relógios com calculadora, mas ainda era permitido portar os modelos simples, digitais e analógicos, com ponteiros. Os estudantes também não poderão usar grafite, lapiseira e apontador. Isso significa fazer cálculos e a redação à tinta e não poder errar na hora de marcar uma alternativa no gabarito.

 

Para o coordenador de vestibulares do cursinho Anglo, Alberto Francisco do Nascimento, a medida parece uma tentativa de tornar o Enem – maior vestibular do País, com 4,6 milhões de inscritos – mais seguro. “Mas virou neura”, aponta. “Daqui a pouco, vão pedir para que os alunos usem roupa transparente para evitar o uso de algum dispositivo eletrônico (na vestimenta)”, ironiza.

 

Com as mudanças, as principais dúvidas dos candidatos se relacionam ao controle do tempo e se haverá mais espaço em branco para as contas a caneta – pois, até a mudança deste ano, os rabiscos numéricos podiam ser apagados.

 

“O aluno que fica muito preocupado com o tempo vai se sentir mais angustiado”, diz. “Agora, eu levaria uma ampulheta. Há restrições para ampulhetas?”


Consultor do Universitário Sistema Educacional, Valdemar Scofaro questiona como será feita a leitura ótica do gabarito marcado com caneta. “O grafite é lido... Precisa verificar como isso vai ser feito”, destaca. Para ele, no entanto, o Inep tem suas razões para ampliar o veto ao uso de alguns objetos para garantir a segurança do exame. “Tem muito aluno que passa o tempo tentando descobrir uma forma de burlar o vestibular ao invés de estudar.”

 

Não é o caso de João Guilherme Caldas Steinstraesser, de 17 anos, que irá fazer o Enem pela terceira vez. “Acho que vão colocar o horário na lousa a cada meia hora, como acontece em alguns simulados. Ruim vai ser passar o gabarito direto, à tinta”, reclama.

 

Para saber mais

 

- 4,6 milhões estudantes estão inscritos no Enem de 2010, que será realizado em 6 e 7 de novembro. O exame será composto por quatro provas objetivas – cada uma com 45 questões de múltipla escolha – e uma redação

 

- No primeiro dia, serão avaliados os conhecimentos de ciências humanas e de ciências da natureza: 90 questões e um tempo máximo de 4h30 de prova. No segundo, os inscritos farão provas de linguagens e códigos, matemática e redação. Serão 90 questões, uma redação e tempo máximo de 5h30

 

- No dia 6, a prova será realizada das 13h às 17h30 e, no dia 7, das 13h às 18h30. Os portões abrem às 12h e fecham às 12h55

 

 (Estadão)


Data: 22/10/2010