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Progressão lateral é opção para carreira

Saiba como aproveitar as oportunidades de mudança dentro da empresa

 

Insatisfação, busca por novas oportunidades, vontade de mudança. Esses são alguns motivos que fazem funcionários a querer trocar de função. Mas não se trata necessariamente de mudar de empresa. Muitas vezes a alteração que pode devolver a motivação pode ser feita dentro da mesma companhia. A chamada progressão lateral, modificação de área dentro da mesma empresa, não é propriamente uma promoção, pois o profissional não sobe no nível hierárquico. Mas segundo a coordenadora do curso de graduação em Secretariado da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Simone Dias, ganha conhecimento agregado em seu currículo. "Pessoas que buscam desafios são bem vistas pelo mercado de trabalho", afirma ela.

 

Entretanto o funcionário deve primeiro identificar se a empresa permite essa troca. "É preciso conhecer muito bem a política de Recursos Humanos da organização, além de ter iniciativa e correr atrás das informações que deseja", acrescenta Simone. Ainda que Gisele Irikura, gerente de RH da GGD Metals - grupo distribuidor de aços e metais -, partilhe da mesma opinião da professora da UFPE, aponta a necessidade da propagação da ideia ao gestor imediato. "As vagas acabam sendo anunciadas na rede interna e no mural. A primeira coisa que o funcionário deve fazer é notificar o chefe, sempre em busca de transparência nas relações hierárquicas", alerta ela.

 

Foi o que fez Bruno Ascenço, que era analista de qualidade na Klüber Lubrication - empresa de soluções em lubrificação para atividades industriais - e desejava trabalhar na área de vendas. "Logo no momento em que a vaga surgiu, conversei com meu superior sobre essa posição e ele me deu todo apoio para me candidatar", conta ele. A partir do sinal verde de seu gestor direto, Ascenço seguiu o trâmite normal para o preenchimento da vaga que desejava. Entrou em contato com o RH e se inscreveu no processo de seleção juntamente com os demais candidatos, parte deles colegas da mesma empresa. O antigo analista de qualidade acabou selecionado para a vaga que queria e hoje é analista de suporte em vendas.

 

Casos como o de Ascenço são cada vez mais comuns, já que segundo Simone as empresas preferem contratar profissionais adaptados com o funcionamento da casa. "O funcionário já conhece a organização, não será preciso um trabalho de treinamento e adaptação às regras e normas", resume a coordenadora. Já a gerente de RH da GGD Metals destaca também que abrir vagas internas mostra que a instituição reconhece a existência de talentos dentro do seu próprio quadro de funcionários. "As pessoas ganham motivação, percebem que existe possibilidades de mudança", afirma Gisele.

 

Débora Trevisan, gerente de RH da Klüber Lubrication, vê vantagens em mais de um candidato na disputa pela mesma vaga. "É a oportunidade que temos de dar um retorno aos nossos funcionários. Claro que não é fácil dizer não, mas apoiamos essa pessoa a fazer um plano de desenvolvimento de carreira, a pensar nos próximos passos e num futuro a longo prazo", declara a gerente.

 

Para quem vê na progressão lateral uma oportunidade para acrescentar vivências no currículo, Gisele aconselha: "O profissional deve considerar se ele gostará da nova ocupação, projetar quais serão suas atividades diárias, bem como se há chance de crescer dentro da posição", diz. Antes de fazer sua escolha, Ascenço já tinha um pouco de contato com a área que ocupa atualmente. Segundo ele, o interesse já existia, pois essa ocupação se relacionava direta e indiretamente com os conhecimentos técnicos dele. "Aproveitei, portanto, a oportunidade de já ter boa relação com o pessoal da área no momento em que me candidatei a vaga", conta o analista.

 

Mas antes de optar pela mudança, Simone aconselha que o funcionário considere muito bem quais são as atitudes e habilidades que serão necessários na nova função. "Ele pode até possuir um bom currículo, indicação de chefes, mas se não estiver apto para essa mudança, não será nem bom para ele e nem para a empresa", adverte ela. Já a preparação para os profissionais que desejam mudar completamente de área deve ser ainda maior. "É mais difícil acontecer esse tipo de mudança, mas o funcionário tem de correr atrás de cursos, se aproximar da área, ampliar a rede de contatos e correr atrás dos objetivos", avisa Gisele, que acrescenta ainda que quanto mais cedo iniciar a busca na área que deseja, melhor será. "É mais difícil começar tudo novamente quando já se alcançou um patamar na carreira e uma vida estruturada. Isso pode até desmotivá-lo a buscar uma área que seja mais interessante", diz a gerente da GGD Metals.

 

Na opinião de Simone, esse tipo de mudança só deve ser feita quando o funcionário não estiver satisfeito com a área atual e não apenas para enriquecer o currículo. "O funcionário deve arriscar quando achar que vale a pena e sempre focar seu currículo para a área desejada. Isto é, não adianta nada ter vários cursos, participações em eventos se não existe um objetivo", completa a coordenadora da UFPE. Na opinião de Débora ainda há a necessidade da preparação. "Quando a oportunidade surge, o profissional precisa estar preparado. Se ele sabe que o cargo que almeja terá muito contato com clientes internacionais, então deve investir num curso de idiomas. O ideal é sempre analisar a carreira e buscar estar pronto antes mesmo que a situação aconteça", declara a gerente de RH da Klüber Lubrication.

 

De acordo com Simone, o perfil de funcionários que buscam mudanças de área é variado, mas no geral são pessoas com tendências empreendedoras que estão na eterna busca por algo novo. Foi exatamente a principal motivação para Ascenço. "Minha atual área abre um leque de opções muito grande. Hoje trato de diversos assuntos com toda a equipe e meu próximo passo é continuar em vendas técnicas construtivas", planeja o analista

 

(Universia)


Data: 16/09/2010