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Avalie qual é o melhor momento para a pós-graduação

Dar continuidade aos estudos exige análise da atuação profissional

 

Além de conviver com a tensão das provas e do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), os universitários que já estão a um passo da formatura começam a se preocupar com a continuidade dos estudos. Um dúvida que emerge diz respeito a emendar ou não os quatro anos da graduação com uma pós-graduação. De um lado, a cobrança do mercado de trabalho por constantes atualizações profissionais. Do outro, a necessidade de conhecer melhor a prática da profissão até mesmo para definir qual o caminho será seguido.

 

Dúvidas comuns, mas que, segundo Robert Verhine, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA (Universidade Federal da Bahia), devem ser sanadas antes do término da graduação. Na opinião dele, as exigências do mundo coorporativo levam à antecipação dos planos de cursar a pós-graduação. Para ele, ainda que não seja no primeiro ano da vida profissional, o curso deve sim ser planejado no decorrer da carreira. "O mundo é competitivo, o que torna a pós-graduação cada vez mais valorizada pelos empregadores", garante.

 

A hora certa para investir na pós-graduação, no entanto, é subjetiva e depende da área de atuação do profissional. É o que diz Verhine. "Enquanto nas áreas aplicadas é recomendado que se adquira experiência prática antes de optar pela especialização, em outras áreas, como as acadêmicas, o ideal é se dedicar diretamente à continuidade da formação", aponta o pró-reitor da UFBA.

 

Ainda sim Débora Barem, professora do curso de Administração da UnB (Universidade de Brasília), aconselha que os estudantes não percam o ritmo entre a graduação e a pós-graduação. "É interessante que o aluno comece, ainda durante a própria graduação, a delimitar o tipo de profissional que pretende ser e identificar na área profissional o que mais lhe atrai", indica a professora da UnB.

 

Foi o que fez o advogado Bruno Forli, 22 anos. Em menos de três meses de formado, ingressou na especialização de Direito Administrativo da FGV (Fundação Getúlio Vargas). A escolha, no entanto, ganhou forma ainda na faculdade a partir da experiência acadêmica alinhada à vivência profissional em uma empresa do segmento de administração pública. "A teoria do curso está intimamente ligada ao meu dia a dia. Além disso, é uma área de atuação muito gratificante, principalmente pelos constantes desafios que propõe", diz ele, que também aponta a remuneração como fator que o influenciou a optar pelo programa.

 

Como escolher a pós-graduação

 

O primeiro passo para quem está em dúvida é identificar se as metas profissionais estão alinhadas aos objetivos da pós-graduação. Segundo Débora, estas se relacionam ao aprofundamento em determinada área da profissão. "É um conhecimento específico na área de maior interesse. A pós-graduação dá o desenvolvimento de competências especializadas para algo em que você quer trabalhar dentro de sua atividade profissional", explica ela.

 

Outro fator que deve ser levado em consideração, destacado por Verhine, é o tipo de pós-graduação que o profissional pretende seguir. "É preciso ter clareza entre as diferenças entre os programas stricto sensu e lato sensu. Enquanto o primeiro integra o mestrado e doutorado, o segundo corresponde aos cursos de especialização e o MBA (Master of Business Administration)", esclarece. Segundo ele, as especializações são mais flexíveis em relação à diversidade curricular, o que permite o estudo de uma área diferente que possa complementar a graduação. Ele destaca que os cursos de mestrado ainda se dividem entre mestrados acadêmicos e mestrados profissionais. (Confira reportagem especial do Universia sobre as diferenças entre stricto sensu e lato sensu)

 

Independente da opção, a professora da UnB alerta que o profissional foque o investimento em uma área pelo qual realmente tenha interesse ou correrá o risco de transformá-lo em apenas mais um curso no currículo. "O candidato deve fazer uma projeção para os próximos cinco, dez anos, e se perguntar onde quer estar e como pretende estar, identificando as vantagens e desvantagens do caminho que pretende escolher. Isso facilita a delimitação de uma área de estudo" aconselha. Débora também sugere conversas com profissionais mais experientes e a troca de informações. "Aquela atividade está, de fato, relacionada ao que vislumbra fazer no futuro?", questiona ela.

 

Os professores recomendam também que os profissionais se informem sobre a instituição de Ensino, o reconhecimento dos órgãos competentes - o MEC (Ministério da Educação e Cultura) para os cursos de lato sensu e a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para os cursos de stricto sensu - e a grade curricular. "O ideal é investigar se o programa oferece uma área de foco numa linha de pesquisa específica. É necessário cuidado para conferir o que o programa de sua escolha oferece e ter certeza de que ele é de seu interesse", orienta Verhine.

 

O curso, de acordo com Débora, deve resultar num certificado. "É essencial ter certeza de que esse documento possui as especificações necessárias mediante a legislação. Além disso, não basta optar por um curso tendo como base o título, o candidato precisa analisar o programa, conhecer as disciplinas e os professores", complementa a professora da UnB.

 

O pós-graduando acredita que a escolha é um investimento que o profissional pode realizar em si mesmo, aumentando seu nível de reconhecimento no mercado de trabalho, o que deve agregar ainda mais valor à carreira. "Todos os reflexos da especialização foram positivos, seja na remuneração, seja na qualidade dos serviços prestados. O mercado também se mostrou receptivo, principalmente por meio de propostas de trabalho", comemora Forli.

 

Como escolher uma pós-graduação

 

- Trace um plano de carreira que considera onde você pretende estar dentro de cinco anos.

- Escolha uma área específica pela qual tenha interesse em se aprofundar.

- Procure um profissional da área e tire dúvidas sobre a atuação prática para assegurar-se de que a atividade lhe atrai.

- Busque uma instituição cujo curso tenha reconhecimento legal. Uma pós-graduação na modalidade lato sensu, por exemplo, deve contar com carga horária mínima de 360 horas. Se a opção for pela modalidade stricto sensu, certifique-se se o programa é reconhecido pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

- Conheça os professores e prefira uma instituição cujo nome seja reconhecido no mercado.

- Não basta estudar em uma universidade de renome: é importante também conhecer a grade curricular do curso.

 

(Universia)


Data: 31/08/2010