Secretarias tinham acesso a todas as informações de inscritos no Enem Secretarias estaduais de Educação e 231 instituições de ensino superior que usam a nota do Enem na primeira fase do processo seletivo tinham acesso a todos os dados de todos os alunos. Além dessas, outras faculdades que usavam o Enem para compor a nota final podiam acessar dados parciais, mas apenas de alunos que fizeram sua prova. Nessa área do site, estavam disponíveis o nome e número de inscrição do candidato, RG, CPF e nome da mãe. De acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), as secretarias tinham acesso ao banco para saber quais alunos estavam aptos a receber o certificado de conclusão do ensino médio. Os dados sigilosos de cerca de 12 milhões de estudantes que estavam inscritos no Enem nos anos de 2007, 2008 e 2009 vazaram e ficaram disponíveis para todos os internautas em site mantido pelo Ministério da Educação por ao menos três horas na última terça-feira (3). Em relação às 231 instituições, o Inep justificou a permissão pelo fato de que elas precisavam saber quais dos alunos haviam efetivamente prestado o exame. Para acessarem as informações, faziam cadastro e escolhiam senha para acessar área reservada. O problema é que o endereço da página que se abria em seguida podia ser copiado em qualquer computador, sem senha. E, a partir de dados pessoais dos alunos, era possível acessar as notas deles. Fragilidade do sistema O presidente do Inep, Joaquim Soares Neto, afirmou nesta quarta-feira que a divulgação indevida dos dados ocorreu por uma "fragilidade no sistema". Neto afirmou que as responsabilidades estão sendo apuradas e é "prematuro" dizer quais serão as consequências no caso de um vazamento. "O Inep está com uma estrutura bastante grande de segurança, estamos investindo muito nisso. [Esse problema] não afeta de forma alguma a credibilidade do Enem", disse. Outro caso Há quase um ano, o Enem coleciona problemas. O mais grave deles ocorreu em outubro de 2009. Após ser impressa, a prova do Enem acabou furtada. O vazamento das questões fez com que o governo tivesse que adiar o exame. Um mês antes, outro problema. Em setembro, época da convocação dos alunos, alguns estudantes foram informados para prestar a prova em locais distantes até 30 km de suas casas. Por causa de todo o imbróglio de 2009, a USP e a PUC-SP desistiram de usar o Enem como parte de sua nota. Neste ano, USP e Unicamp voltaram a tomar a mesma decisão. A justificativa é que a prova do Enem deste ano, marcado para novembro, vai ser realizado muito tarde. (Folha.com) Data: 06/08/2010 |