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Artigo - Um dia chamado Brasil

Wagner Braga batista

 

O Brasil perdeu.

 

O que importa?

 

O time da CBF e de Ricardo de Teixeira continuará vivendo da mesma maneira. Usufruindo dos mesmos privilégios. Morando em seus respectivos países, que são chamados de outro nome e não se chamam Brasil.

 

Seus ternos e seus carros vistosos continuarão a transitar pelos mesmos longes, que não se chamam Brasil. Tão longes que  não moram em nossos  olhos. Tão longe onde que só habitam em seus interesses.

 

Estarão na Europa, na Nike, no país dos guerreiros de merda da Brahma, na FIFA, no bolso de patrocinadores, nos uniformes de juízes ladrões, nos brincos e nas chuteiras coloridas que fazem inveja aos meninos descalços,aos meninos de rua, chamados Robinhos, de um país chamado Brasil.

 

O que dizer, quando todas as vuvuzelas subtraem nossas esperanças, nos retiram de nossa soberba e nos chamam à tristeza.

 

O que dizer quando apesar de tudo, apesar de tantas críticas e tantas tristezas, resta a dignidade de M’Dunga, um técnico tão criticado ( por mim e por tantos outros), mas que se mostrou como o jogador de fibra, que se impôs frente à Rede Globo e à vilania de vil Teixeira, este antigo investidor da bolsa, que percebeu que mais valia investir na esperança de todos nós do que torcer pelo Brasil.

 

O que dizer?

 

Nada a dizer.

 

Ou melhor, tudo a acontecer.

 

A vida prossegue.

 

Os meninos de rua continuarão jogando bola na rua.

 

A esperança, sem medo e sem prostituição, continuará a existir dentro de cada um de nós.

 

O Brasil, apesar de tudo, continuará sendo o melhor país do mundo.  O país em que todos sorriem e se prometem o que um dia haverá de ser feito. E um dia será...

 

O país que um dia, certamente, será ainda melhor.

 

Quando os palhaços e os Afonsinhos nos chamarem à razão.

 

Certamente, será um Brasil de outro dia, quando o dia, certamente , será outro dia. E será um dia melhor.

 

Será o dia dos meninos descalços...

 

Em que todos saberão dizer bom dia, cordialmente. Em que este país será chamado Brasil. E será um dia melhor.

 

Um dia em que todos seremos Robinhos, sem brincos. Todos seremos meninos descalços, brincando nas ruas.

 

Quando os sonhos vestidos de espinhos aprenderão a dançar nas ruas  e driblar as leis do futuro, levando –nos ao palco e ao futuro de todos nós.

 

 

Wagner Braga Batista é professor aposentado da UFCG


Data: 02/07/2010