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Pesquisa da UFCG aponta efeitos negativos do crescimento da construção civil

Extração contínua de areia do leito do Rio Paraíba causa graves danos ao meio ambiente

 

Nos últimos anos, a Paraíba vem vivenciando um importante crescimento no setor da construção civil. Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP), em 2006, o setor já contava com 396 empresas cadastradas, sendo 212 em João Pessoa, 96 em Campina Grande e 88 nos demais municípios.

 

Esse processo de crescimento, entretanto, se por um lado traz benefícios econômicos e sociais, como a geração de emprego e renda e ampliação do número de moradias, por outro pode gerar impactos negativos no meio ambiente.

 

É o que revela um estudo realizado por Luciano Gomes de Azevedo, fruto de pesquisa em desenvolvimento em nível de doutorado em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), sob orientação da professora doutora Márcia Maria Rios Ribeiro, da Unidade Acadêmica de Engenharia Civil (UAEC).

 

No trabalho Avaliação econômica de areia extraída em cursos d’água: o caso do rio Paraíba, o pesquisador, que também é professor da UAEC, conclui que a extração da areia do rio, destinada à utilização em processos produtivos na indústria da construção civil, está causando um contínuo processo de degradação do meio ambiente, com graves reflexos na sociedade.

 

A área geográfica objeto de estudo foi a sub-bacia do Rio Paraíba, denominada de Baixo Paraíba, “escolhida devido ao fato de ser a única, ao longo do rio, em que a atividade de extração de areia é feita através de dragas de sucções”, explica Azevedo.

 

A pesquisa evidencia 16 impactos negativos: poluição atmosférica, contaminação do curso d’água, alteração da calha original dos cursos d’água, modificações na estrutura do solo, turbidez no curso d’água, aumento da vazão, comprometimento da qualidade do solo, ocorrência de processos erosivos no solo, Instabilidade do solo nas margens do rio, depreciação da qualidade do solo, aumento da mortandade das espécies aquática, alteração da paisagem natural, depreciação do patrimônio público, risco de acidentes para banhistas, diminuição da vazão dos cursos d’água e redução do habitat silvestre.

 

Novas possibilidades

 

Uma das formas avaliadas pela pesquisa para diminuir os reflexos no meio ambiente seria aumentar o preço do metro cúbico da areia praticado no mercado. “Dessa forma, o mercado seria pressionado a racionalizar o uso, diminuir a extração de areia e substituí-la pela areia artificial, proveniente da britagem de rochas calcária e basáltica, e areia reciclada, proveniente da reciclagem de resíduo sólido da construção civil”, defende o pesquisador.

 

A proposta de aumentar o preço do metro cúbico de areia foi, inclusive, apresentada aos empresários da construção civil em entrevista realizada durante a elaboração da pesquisa. Um dado curioso é que quanto maior o nível de escolaridade do empresário, menores as probabilidades dele aceitar a pagar a mais por uma taxa para conservação do recurso natural.

 

(Gloriquele Mendes - Ascom/UFCG)


Data: 29/04/2010